VOCAÇÃO AO AMOR


    É muito comum em nossos tempos a deturpação da história e da imagem dos santos, isso ocorre tanto por uma distorção maliciosa por parte de certas pessoas, como por desconhecimento da verdade. Os modernistas, em sua astúcia e falta de escrúpulos, tem um costume muito comum de associar a imagem de santos específicos às suas pautas e ideologias, como: alguém extremamente manso, pobre, humilde e misericordioso, no caso de São Francisco de Assis, ser vinculado ao pacifismo, ecologia e tantas outras baboseiras da modernidade. Santa Teresinha, por ser uma figura: frágil; pequena e doce, é normalmente vista como algo raso e sentimentalista por muitos católicos de boa fé. A realidade está muito longe disto, visto que, o seu exercício heroico da virtude é algo muito profundo. 


O chamado universal à santidade

   Logo nos primeiros capítulos de sua obra, História de uma alma, notamos que Teresinha em sua infância já notara algo muito simples porém grandioso, a grande harmonia e beleza do jardim de sua casa, que consistia na desigualdade de formas, tamanhos e cores das plantas e flores. Nesta observação da pequena santa podemos associar essa desigualdade aos homens, no sentido de uns serem chamados às grandes obras e outros às pequenas, e que tudo isso longe de ser algo injusto é o que manifesta a perfeição da criação de Deus e a glorifica.

   O que não é a pequena via

   É comum hoje os católicos padecerem de uma frouxidão e preguiça espiritual em cumprir a vontade de Deus segundo seu estado de vida (isto inclui quem vos escreve) com a seguinte desculpa: "bom, eu com certeza não sou chamado às grandes obras, logo vou viver minha vida de maneira medíocre e arrastada sem cometer depravações". As pessoas acabam por confundir a mediocridade com a prática do amor nas pequenas coisas. Porém pode se cair no vício oposto, o de não suportar as pequenas cruzes que Deus nos provém para a nossa santificação pessoal e ao mesmo tempo desejar grandes coisas por razões de vaidade. Ora, se não és capaz nem dos pequenos sacrifícios como suportar aquela pessoa que te desagrada ou cuidar de um familiar enfermo, como poderás suportar grandes provações como as dores de um martírio?

A nossa felicidade está em servir e amar a Deus

   "Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei. Tomais meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas. porque meu jugo é suave e meu fardo é leve" (Mt:11,28-30). Com essas palavras de Nosso Senhor devemos fundamentar nosso cumprimento tanto dos deveres de estado quanto nos deveres para com Deus. Santa Teresinha nos relata em seus escritos como praticava o amor nas pequenas coisas e encontrava extrema felicidade em fazer a vontade de Deus, Como quando expressou imensa alegria em contribuir para a conversão de Henri Pranzini, um criminoso condenado à morte.

   Abrir mão de pequenos confortos como deixar de apoiar o dorso ao sentar, suportar as humilhações e murmurações da Priora do Carmelo de Lisieux, Madre Maria Gonzaga, e das outras irmãs, e mesmo assim esbanjar alegria no olhar e transmitir sua doçura às outras irmãs são apenas alguns exemplos da grande caridade que habitava o coração de Teresinha. Algo muito característico de Santa Teresinha era de suplicar a Nosso Senhor que tirasse dela todas as consolações deste mundo e que sua alegria estivesse apenas em fazer a vontade de Deus, notamos isso em como ela se alegrou ao saber que estava com tuberculose, que deixaria este mundo em breve e que aceitaria este período de grande sofrimento de muito bom grado para sua mortificação. Esta situação nos faz lembrar dos conselhos que Santo Afonso Maria de Ligório nos dá em sua obra, A prática do amor a Jesus Cristo, quando ele cita a tremenda falta de caridade de uma pessoa que não aceita uma enfermidade e ainda exclama: "quem dera eu tivesse saúde e tempo para me mortificar e fazer a vontade de Deus", Ora, a vontade de Deus é que você enfrente esta enfermidade e se mortifique através dela. Teresinha compreendia isso perfeitamente, porque devido a sua imensa caridade, desprezava a si mesma e suas percepções do mundo, e em tudo buscava agradar a Deus.


   

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