AS CALÚNIAS CONTRA PIO XII


    Não é de hoje que a Santa Igreja Católica é caluniada das coisas mais absurdas pelo mundo afora. Mentiras sobre a Igreja na antiguidade, na Idade Média, na época da revolta de Lutero e na modernidade é algo que todo católico já está cansado de ouvir e até mesmo de refutar essas distorções históricas. Quando nos referimos ao Século XX, pensamos no auge da Revolução, de tudo o que há de pior, que vai contra a lei natural e a lei de Deus e de sua Igreja. O evento mais marcante deste século é com certeza a 2° Guerra Mundial (1939-1945), na qual presenciamos os maiores horrores que a humanidade já viu. E como era de se esperar, a Igreja novamente foi vinculada as atrocidades deste evento. O conto da vez seria que S.S. o Papa Pio XII haveria contribuído com o holocausto do povo judeu, calúnia esta, reproduzida por uma peça de teatro exibida em 1963 chamada "O Vigário", a mesma fora produzida pela KGB (Polícia Secreta Soviética) se utilizando da mentira e da distorção (como é de praxe dos inimigos da Igreja) para difamar maliciosamente a figura de Eugenio Pacelli. 

   A guerra entre o comunismo e a Igreja Católica é quase tão velha quanto o próprio comunismo. Em 1846, dois anos antes de Karl Marx publicar o seu manifesto comunista, o Papa Pio IX se referiu àquela "doutrina infame assim chamada Comunismo, que é absolutamente contrária à Lei Natural" e que "destruiria completamente os direitos, a propriedade e as posses de todos os homens". Depois da Segunda Guerra Mundial, a medida que a U.R.S.S. espalhava sua doutrina nefasta por novos territórios, a batalha se tornou mais feroz.

A peça  "O Vigário"

   No dia 20 de fevereiro de 1963, uma peça intitulada  Der Stevallvertreter. Ein christliches Trauerspiel (O Vigário. Uma tragédia cristã) estreou no Theater am Kurfüstendamn da Berlim Ocidental, sob direção de Erwin Piscator do Freie Volksbühne (Teatro do Povo Livre). A peça se focava na alegação de que o Papa Pio XII havia falhado em agir, ou manifestar-se contra, o holocausto promovido por Hitler.

   O enredo fundamental de O Vigário envolve um nazista bom (Gerstein) que diz a um padre bom (o Fontana ficcional) o que os nazistas estavam fazendo fazendo com os judeus. Fontana, contudo, é continuamente frustrado em seus esforços de levar a mensagem ao papa. Quando finalmente consegue, o Papa Pio XII não se importa com as vítimas. Fontana então se sacrifica ostentando uma estrela amarela e indo parar em um campo de concentração, assim se tornando o verdadeiro vigário de Cristo. Entre os temas recorrentes estão a ideia de que a guerra de Hitler contra a U.R.S.S. fora uma espécie de cruzada papal e a de que Pio XII e os jesuítas estavam preocupados em primeiro lugar com seus investimentos em fábricas de armamentos.

   Embora tenha dito e se desdito acerca desta questão, Rolf Hochhuth (autor da peça) pelo menos uma vez escreveu que O Vigário não trazia nenhuma imputação de antissemitismo, pois não haveria prova de que Pio XII fosse antissemita. Obviamente, o silêncio de um personagem não pode dirigir a ação de uma produção teatral, e assim Pio XII não fica muito tempo no palco. O silêncio papal, contudo, é assunto de muito diálogo na versão final da peça. Quase todos os outros personagens discutem entre si, ou pelo menos mencionam, a incapacidade do Papa de se pronunciar direta e vigorosamente contra o tratamento que Hitler dava aos judeus, assim levando a uma confrontação direta, que consiste de uma única cena na qual o próprio Papa aparece. Em algumas versões, o ato final do Papa é lavar suas mãos, manchadas de tinta por conta da edição de uma declaração que nunca fora feita, relembrando Pôncio Pilatos.

A propaganda.

   O Vigário teve notoriedade mais por conta de suas acusações contra o Papa do que por seu enredo ou suas qualidades teatrais. A peça não desenvolve Pio XII como uma figura trágica, uma vez que não se mostra nem tragicamente hesitante nem tampouco arrasado pelas alternativas que tem. Não apenas lhe falta caridade cristã, como lhe falta simples decência humana. A revista Variety expôs a questão à sua maneira: "Não é, claro, livro com imagens, e é leitura duvidável para viagens ou passatempo em serviço.

   No dia 3 de junho de 1945, a Rádio Moscow declarou oficialmente que o líder da Igreja, o Papa Pio XII, fora o "Papa de Hitler", assim insinuando de maneira mendaz de que ele fora um aliado dos nazistas durante a segunda guerra.

   A insinuação da Rádio Moscow acerca do Santo Padre não atraiu atenção alguma no Ocidente, pois o apoio heroico do papa aos Aliados e sua generosa ajuda ao povo judeu durante a Guerra ainda estavam frescos na mente das pessoas. Elas conheciam esse homem bem demais, baseadas na palavra das mais altas autoridades ocidentais, para que a insinuação pegasse.

   Essa grande fraude histórica nos comprova a audácia e a capacidade da dissimulação dos inimigos de Deus. Apesar de Eugenio Pacelli ser visto como um exemplo de heroísmo por muitos desde aquela época, ainda sim muitos mitos e mistérios rondam sua figura e a medida que a Igreja fora perdendo seu espaço e influência na sociedade civil após a Segunda Guerra Mundial, atingindo o ápice disso a partir dos anos 60, esta propaganda foi muito difundida, especialmente na mídia (com a popularização da televisão isso se agravou muito), mas também nos meios acadêmicos.


Referências Bibliográficas:

PACEPA, Ion Mihai/RYCHLAK, Ronald J.; DESINFORMAÇÃO, 2015.

   

   

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