CONCÍLIO DE LYON II (1274)


    Ao segundo Concílio de Lyon, precedeu uma demorada vacância da Santa Sé. Durante três anos, depois da morte de Clemente IV a 29 de Novembro de 1268, os cardeais, divididos em partidos, não conseguiram chegar a um acordo sobre um candidato; para forçar uma decisão, os cidadãos do Viterbo destelharam o palácio episcopal, em que estava reunido o colégio eleitoral. Tedaldo Visconti, de Piacenza, eleito Papa a 1° de setembro de 1271, detinha-se em Akkon, o último baluarte dos cristãos no Oriente. Compreende-se que a causa das cruzadas, que na realidade já se havia perdido, lhe tocava mui de perto ao coração. "Se eu me esquecer de ti Jerusalém" (Sl.138) teria ele dito, ao despedir-se. Ao mesmo tempo Gregório X estava muito desejoso da união com os gregos, que reconquistaram Constantinopla e ali mesmo derrubaram o império latino, tendo, porém, medo do contra-ataque do rei Carlos de Nápoles.

Lyon II

   O Concílio de Lyon II se destacou sobretudo por suas regras adicionais sobre as eleições papais e por sua frágil e, em última análise, efêmera unificação das igrejas ocidental e oriental. Embora o Concílio tivesse começado sem sua presença, quando os bispos orientais finalmente chegaram, todos os seus participantes passaram a se dedicar às questões referentes à unificação, especialmente a da primazia papal e a da doutrina que era representada pela palavra latina filioque.

   Surpreendentemente, os delegados orientais acabaram decidindo não protestar contra a primazia papal nem contra a cláusula filioque neste concílio, que, em seu cânone declarava: "O Espírito Santo provém eternamente do Pai e do Filho, e não se origina de duas fontes distintas, mas de uma única fonte. Esta é a crença imutável e verdadeira dos padres e dos doutores da Igreja ortodoxos, tanto gregos quanto latinos.

   O Concílio de Lyon II também é digno de nota por haver instituído oficialmente os conclaves papais na Igreja. Do mesmo modo que havia ocorrido com Alexandre III, que já havia legislado sobre as eleições papais no Concílio de Latrão III, a eleição de Gregório X também se deu em uma ocasião bastante desagradável. Os cardeais haviam se reunido por mais de três anos, de modo intermitente, em Viterbo para eleger o próximo papa, e os representantes da cidade ficaram tão cansados de esperar pela decisão deles que acabaram por trancá-los em um edifício. Nem assim eles conseguiram chegar a uma decisão, e os representantes da cidade tiveram de ameaçar remover o teto da casa e fornecer apenas pão e água se os cardeais não elegessem imediatamente um novo papa, o que eles finalmente acabaram por fazer.

   O seu objetivo era o de garantir eleições rápidas e o de reduzir os períodos de vacância papal. Os cardeais deveriam se reunir na cidade em que o último papa tivesse morrido passados dez dias de sua morte (nos dias de hoje, independentemente de onde o papa morrer, o conclave deverá se reunir em Roma entre quinze e vinte dias depois de sua morte). Eles deveriam estar completamente reclusos e ser trancados "com uma chave", ou seja, cum clave, o que acabou dando origem à palavra conclave. Para que a eleição ocorresse com rapidez, os cardeais não poderiam receber qualquer quantia que lhes fosse devida pelo tesouro papal enquanto durasse o encontro. Se a eleição não se decidisse em três dias, o suprimento de comida seria reduzido a um prato duas vezes ao dia e, se mais cinco dias se passassem sem que houvesse uma decisão, os cardeais receberiam apenas pão, água e vinho.


Referências bibliográficas: 

JEDIN, Hubert; Ecumenical councils in the catholic church, 1960.


BELLITTO, Christopher M.; The General Councils: A history of the twenty-one Chruch Councils, 2002.

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