CONCÍLIO DE LATRÃO IV (1215)


    No auge da Idade Média (Séc.XIII) fora convocado um concílio, cujo mesmo representa tudo o que estava em alta na época referente aos problemas que a Igreja enfrentava neste período.

Latrão IV

   As sessões do concílio são introduzidos por uma confissão de fé que se dirige contra os cátaros sem citá-los expressamente. Contém o conceito da "transubstanciação" na Eucaristia, elaborado durante a luta contra a heresia de Berengário de Tours; contém ainda a condenação da doutrina gnóstica sobre a trindade do abade calabrês, Joaquim de Fiore. A luta defensiva que a Igreja teve de travar contra as heresias dos cátaros, dos valdenses e de outros grupos sectários, reflete-se nas instruções da Inquisição. 

   O concílio encarregou especialmente os bispos de investigar as heresias, e se eles não eliminassem a heresia de uma vez por todas, seriam depostos. Para evitar que as heresias se espalhassem, principalmente por meio dos autonomeados pregadores que costumavam vagar naquele tempo, o Concílio de Latrão IV exigia que todos os pregadores portassem uma licença que os colocava sob a autoridade do bispo local. 

   Este concílio convocou uma nova cruzada rumo à Terra Santa, que deveria partir em 1217, e ofereceu uma série de provisões específicas e de incentivos. Por exemplo, todo clérigo que participasse da cruzada recebia uma soma equivalente a três anos de seu salário regular.

   O Concílio de Latrão IV também abordou o problema dos cristãos que se viam obrigados a interagir com os muçulmanos e com os judeus. Fora exigido que os judeus e muçulmanos se vestissem de um modo distinto, de modo que os cristãos pudessem saber que estavam lidando com não cristãos. Também proibia os judeus de ocupar cargos públicos, para que não tivessem autoridade sobre os cristãos. Os judeus também eram obrigados a permanecer confinados em suas casas durante o Domingo de Ramos, porque alguns deles não tinham o menor pudor em blasfemar e ridicularizar as representações da paixão de Cristo. Embora os judeus sejam até hoje extremamente hostis aos cristãos, esse confinamento tinha também a função de proteger os judeus de certos grupos cristãos que os atacavam fisicamente os culpando pela morte de Nosso Senhor.

   Foi reforçado neste concílio a antiga expressão "Extra Ecclesiam Nulla Salus", ou seja, que fora da Igreja Católica não há salvação.

   Um dos tópicos mais expressivos deste concílio ecumênico era a respeito de um dos pretextos utilizados por Martinho Lutero trezentos anos depois que daria início a sua revolta: o da simonia. O concílio observava que "com frequência, a religião cristã é criticada porque algumas pessoas colocam as relíquias dos santos à venda e as exibem indiscretamente". O concílio dizia que os cristãos poderiam ser enganados por "histórias mentirosas ou documentos falsos", antecipando involuntariamente o vendedor de relíquias de Chaucer que, de modo infame, chacoalhava ossos de porco, fazendo-o passar por relíquias verdadeiras. O concílio exigia o controle oficial das relíquias: elas deveriam ser guardadas em relicários, não poderiam ser vendidas e as novas relíquias deveriam ser aprovadas pelo papa. 

   O Concílio de Latrão IV Também obrigava os pedintes a carregar consigo uma carta oficial, que funcionava como uma licença para pedir esmolas, e chegava a ponto de oferecer um modelo de carta que pudesse ser copiado com facilidade.


Referências bibliográficas: 

JEDIN, Hubert; Ecumenical councils in the catholic church, 1960.


BELLITTO, Christopher M.; The General Councils: A history of the twenty-one Chruch Councils, 2002.



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