CONCÍLIO DE LATRÃO II (1139)

 


   No ano de 1139, Inocêncio II, então universalmente reconhecido, convidou os bispos e os abades do ocidente para um "sínodo plenário", assim o chamou em vez da expressão habitual "sínodo geral". Só chegou a nós a convocação dirigida à província eclesiástica diante de Compostela. Os dados sobre o número dos participantes oscilam, de novo, muito fortemente: se falam de 500 a cerca de mil participantes.

Latrão II

   Do mesmo modo que seu antecessor, o Concílio de Latrão II não se destacou por suas inovações ou esplendor, mas também contribuiu para o processo por meio do qual o papa atribuía uma importância maior e aumentava o raio de aplicação das decisões, que eram tomadas separadamente em cidades dispersas por toda a Europa. Metade dos cânones deste concílio ecoava os de Latrão I, enquanto a outra metade reafirmava as decisões tomadas por encontros locais que haviam se reunido ao longo dos dezesseis anos de intervalo que separavam os dois primeiros concílios de Latrão.

   No seu discurso de abertura o Papa deplorou a confusão que surgira na Igreja pelo cisma de Anacleto e depôs os partidários deste. Estes deviam restituir seus pálios, báculos e anéis episcopais. Para o grande desgosto de São Bernardo de Claraval, a deposição atingiu também seu protegido, o Cardeal Pedro de Pisa. A maioria dos cânones do concílio continua a traduzir a ideologia do movimento da reforma gregoriana;  mas encontram-se entre eles também proibições da usura, dos torneios e dos estudos de direito e de medicina aos monges. Alcançou grande importância, quanto à execução do celibato, fora declarado não somente ilícito mas inválido o matrimônio contraído por clérigos a partir do subdiaconato.

   O âmbito das tarefas é agora muito mais extenso do que foi em 1123. Certos sectários, que rejeitam a eucaristia, o batismo de crianças, o sacerdócio e o casamento, são excomungados pelo cân.23; são os precursores dos grandes movimentos heréticos que logo depois deviam tanto preocupar a Igreja. Segundo o relatório de Otto de Freising, o cónego Arnaldo de Bréscia foi denunciado pelo seu bispo por ter afirmado que nenhum sacerdote ou monge, que possuísse bens, podia ser canonizado; ainda desta vez ele saiu sem grande prejuízo: foi-lhe imposto apenas o silêncio.

   O Concílio de Latrão II mais uma vez fez com que a identificação e o combate contra os heréticos se tornassem um dos principais instrumentos a serem empregados pelos concílios posteriores, que iriam descrever com riqueza de pormenores as recompensas que eram devidas àqueles que se opusessem a quem desafiasse a Igreja.


Referências bibliográficas: 

JEDIN, Hubert; Ecumenical councils in the catholic church, 1960.


BELLITTO, Christopher M.; The General Councils: A history of the twenty-one Chruch Councils, 2002.


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