CONCÍLIO DE CONSTANTINOPLA III (680-681)

 


   Após o último concílio aparentemente ter resolvidos as questões cristológicas, eis que mais tarde o patriarca Sérgio de Constantinopla (610-638) fez uma nova tentativa de reconciliar os monofisitas com a Igreja do Império. Partindo da unidade moral das ações do Deus-Homem, ensinou que Jesus Cristo tinha uma só energia natural, como Deus-Homem e uma só vontade de Deus-Homem, esta heresia passou a ser conhecida como monoteletismo. Um grupo moderado de monofisitas, os severianos (nome que vem de Severo de Antioquia) deixaram conquistar-se por sua doutrina; os partidários do Concílio de Calcedônia, especialmente o monge Sofrônio, que em 634 ascendeu à sede patriarcal de Jerusalém, se opuseram à fórmula, suspeita de compromisso. Sérgio conseguiu uma aprovação mantida em generalidades do Papa Honório I (625-638), menos informado nessa questão sublime, por cuja consequência o monotelitismo foi, no ano de 638, prescrito como lei imperial (Ekthesis). Mas o Papa Martinho I (649-665) manifestou-se, em um sínodo em Latrão, no ano de 669, contra essa doutrina e em favor de "duas vontades naturais e dois modos de ação" de Cristo. Por causa disto foi desterrado, como réu de alta traição, para a Criméia e ali morreu em consequência dos maus tratos que sofria.

   Por reação ao monotelitismo repetiu um padrão familiar. O papa Agatão havia convocado sínodos locais para discutir a questão; sabemos sem margem para dúvidas que alguns deles se reuniram em Milão e na Inglaterra. Em seguida, o papa convocou um sínodo romano para examinar o que os sínodos locais tinham a dizer sobre a questão. Por fim, Agatão, juntamente com o imperador Constantino IV, decidiu que um outro concílio geral deveria se reunir para resolver essa questão de uma vez por todas. Assim foi convocado o terceiro Concílio de Constantinopla.

Constantinopla III

   O Concílio de Constantinopla III condenou o monotelitismo, declarando que Jesus, que era uma só pessoa, tinha duas vontades (uma humana e outra divina) que correspondiam respectivamente à sua natureza humana e à sua natureza divina. Os padres deste concílio aprovaram o relatório do papa Agatão sobre o monotelitismo resultante do sínodo romano, que este último havia convocado, e o colocaram no mesmo patamar que as cartas de Cirilo contra Nestório e o Tome de Leão I em termos de prestígio.

   E mais uma vez o credo niceno-constantinopolitano foi reafirmado em Constantinopla III. Os padres reunidos neste concílio lamentaram que, a despeito das profissões de fé dos cinco concílios gerais anteriores e de suas condenações à heresias, ainda havia graves problemas, que eram a própria razão pela qual eles haviam sido obrigados a se reunir mais uma vez.

   Constantinopla II e III não estabeleceram cânones disciplinares. O vazio assim criado foi preenchido em um sínodo reunido no ano de 692, de novo em Constantinopla, que redigiu 102 cânones, que diziam respeito, quase exclusivamente, à situação eclesiástica do Oriente e negligenciaram as reivindicações ocidentais (como o primado romano) e os costumes ocidentais (por exemplo o jejum). Não foram reconhecidos pelo papa Sérgio I (687-701), embora fosse ele originário do Oriente, visto que era sírio de nascimento.

A questão de Honório I

   Este concílio, que contou com o apoio papal e a participação de legados de Agatão teve de condenar um papa anterior, Honório I (625-638). A "questão de Honório" reduz-se ao seguinte problema: Por que causa foi Honório condenado? Por ter sido partidário do erro; portanto herege; ou por descuido e negligência, nessa questão de fé? O papa Leão II (682-683) deu a resposta a esta questão. Embora tenha confirmado as resoluções do concílio, restringindo a sentença deste, só culpou seu antecessor de negligência na supressão da heresia.


Referências bibliográficas: 

JEDIN, Hubert; Ecumenical councils in the catholic church, 1960.


BELLITTO, Christopher M.; The General Councils: A history of the twenty-one Chruch Councils, 2002.

 

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