CONCÍLIO DE CONSTANTINOPLA II (553)


    Mesmo após a Ortodoxia ser afirmada e reafirmada em Calcedônia, ainda sim as heresias estavam em voga em formas derivadas do nestorianismo e do monofisismo. No ano 553 o imperador Justiniano acabou convocando o 5° concílio geral da Igreja: o de Constantinopla II. Somando fatores de um papado muito enfraquecido de Vigílio e de problemas políticos na corte bizantina de Justiniano, tornaram as sessões deste concílio ecumênico muito conturbadas.

Constantinopla II

   Justiniano havia convocado este concílio com o intuito de condenar as obras heréticas de três homens em específico: Teodoro de Mopsuéstia, Teodoreto de Cyr e Ibas de Edesa, estes autores foram acusados de serem simpatizantes do nestorianismo, de se opor aos ensinamentos de Cirilo e de favorecer o monofisismo ao se aferrarem à ideia de que Jesus tinha uma só natureza, o divino sobrepujando o humano.

   Embora o papa Vigílio estivesse em Constantinopla na ocasião, ele não participou deste concílio, pois era um papa com fortes afeições às heresias monofisistas e tinha um profundo desejo de revogar o que fora decretado no Concílio de Calcedônia. Quem liderou Constantinopla II foi o próprio Imperador Justiniano sem a presença do papa. O imperador supervisionou a condenação da pessoa e dos escritos de Teodoro de Mopsuéstia, os escritos (não a pessoa) de Teodoreto de Cyr e uma carta atribuída a Ibas de Edesa, mas o próprio Ibas não foi condenado porque o concílio tinha chegado à conclusão de que a carta não era de sua autoria. Vigílio recusou-se a cumprir as condenações, o que acabou colocando-o em uma situação embaraçosa quando Justiniano tornou públicas as cartas que o papa havia escrito ao imperador prometendo apoiar a censura dos três capítulos.

Consequências de Constantinopla II

   Além de suas consequências políticas, este concílio esclareceu, mais uma vez, os ensinamentos da Igreja sobre as duas naturezas de Jesus unidas hipostaticamente em uma só pessoa. Condenou as doutrinas heréticas preexistentes sobre a questão e publicou quatorze anátemas contra elas.

   Os padres de Constantinopla II não apenas censuraram os hereges, como também aqueles que toleravam a heresia, colaborando com a sua persistência. De um ponto de vista mais positivo, eles reafirmaram a ortodoxia do credo niceno-constantinopolitano, aumentando assim, o prestígio dos quatro concílios gerais anteriores e considerando-os como pilares dos dogmas da Igreja primitiva.


Referências bibliográficas:

JEDIN, Hubert; Ecumenical councils in the catholic church, 1960.


BELLITTO, Christopher M.; The General Councils: A history of the twenty-one Chruch Councils, 2002.

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