A ESQUERDA, A DIREITA E A IGREJA


    É muito comum atualmente, devido aos inúmeros erros teológicos, filosóficos e doutrinários nos meios católicos, os fiéis por ingenuidade e falta de conhecimento se deixarem levar por ideologias e doutrinas contrárias a fé católica em uma falsa ilusão de estarem combatendo um erro, mas acaba que, essas pessoas acabam caindo em erros opostos.

   Muitos já sabem que no século XX a Igreja sofreu uma infiltração em massa de princípios contrários a fé por meio do clero. Em meio esta corrupção na hierarquia da Igreja, um dos aspectos que mais se destaca é o surgimento da Teologia da Libertação, uma pseudo teologia humanista de viés marxista  que subverte toda a concepção de Igreja a fim de torná-la uma espécie de ONG ou organização política para promover uma ideologia de esquerda.

   A Teologia da Libertação, apesar de ter nascido oficialmente nos anos 1970, baseada no humanismo e na eclesiologia do Concílio Vaticano II, ela se manifestou de uma maneira precursora em um grupo pseudo católico no início do século XX chamado "Sillón", grupo este, condenado por São Pio X na encíclica "notre charge apostolique".

A ascensão da direita

   Naturalmente, ao perceberem essas doutrinas errôneas nos meios católicos, muitos vão se opor a isso, mas, ao invés de combaterem o mal do socialismo e do marxismo com a doutrina social da Igreja e afins, essas pessoas se apegam ao erro oposto da esquerda, isto é, a direita. O que esses católicos não percebem é que aderir ao extremo oposto também é uma estratégia do inimigo para nos afastar da verdade e portanto trocamos seis por meia dúzia.

   O advento da Teologia da Libertação no Brasil foi muito evidente, principalmente devido a criação do Partido dos Trabalhadores (PT). Sabemos que os princípios da esquerda são perversos, imorais e antinaturais, e que, qualquer pessoa de bom senso ao se deparar com isso, vai se opor imediatamente.

   Com isso, a influência dos chamados "Gurus da direita" cresceram muito nos meios da Igreja para combater a esquerda infiltrada. A princípio parece ser algo católico, mas ao nos aprofundarmos um pouco na questão, percebemos que na verdade se trata de um liberalismo disfarçado, no pior dos casos, mixado com esse liberalismo estão doutrinas ocultas, esotéricas e gnósticas como o perenialismo.

A dialética do erro

   O grande papa São Pio X em sua encíclica Pascendi dominici gregis (1907) sobre as doutrinas modernistas, nos alerta que é uma estratégia dos modernistas criar duas vias opostas para nos induzir ao erro de alguma forma. Classificam-se essas vias como a Progressista e a outra Conservadora. A progressista seria a via radical, que quer mudanças bruscas e imediatas. Já a via conservadora é moderada, porém a mais perigosa, é astuta e fleumática como uma serpente, a mesma consiste em conservar muitos aspectos da tradição e ir introduzindo aos poucos os princípios da revolução, de maneira que não nos demos conta disto.

   Ora, esta é uma estratégia já muito antiga dos revolucionários, criar duas vias para ter um controle pleno da situação, vemos isto por exemplo na revolução francesa com os jacobinos e os girondinos, na revolução russa com os bolcheviques e os mencheviques. A dialética como sendo um dos instrumentos ao longo da historia para contribuir com as grandes revoluções é algo que tem origens esotéricas e gnósticas como nos explica o Prof. Orlando Fedeli em sua obra "Antropoteísmo", na qual ele faz uma boa descrição da  gnose e do panteísmo e qual a relação disto com a modernidade. Esta dialética foi melhor desenvolvida por Hegel e Marx posteriormente.

   Outro bom exemplo que podemos utilizar é a própria maçonaria, que embora tenha muitíssimas variáveis e ramos diferentes, historicamente, de maneira mais abrangente, podemos classificar também como duas vias. Primeiro seria a maçonaria racionalista, é a via antirreligiosa, anticlerical, ateia, igualitária e radical, sendo esta, a via dos jacobinos. A outra seria a maçonaria mística, que é uma via moderada que favorece a religiosidade, mas de maneira ecumênica e sincretista, promove a liberdade individual, direito de propriedade e outros princípios que são até corretos, mas que, justamente por isso a tornam uma via mais perigosa, por ser o oposto da outra, acaba por cair no irracionalismo, esta via associamos aos founding fathers dos Estados Unidos por exemplo.

Como evitar esses erros

   A solução para isto é simples, fidelidade à Tradição, não nos iludamos com falsas soluções para a crise atual da Igreja, evitemos aderir a grupos aparentemente católicos que nos apresentam novidades estranhas ao que a Igreja sempre ensinou, não nos deixemos levar por discursos bem feitos e cheios de verborragias de intelectuais e políticos. Apenas façamos o que a Igreja sempre nos ensinou, a oração e o estudo do catecismo e dos documentos dos papas. Para evitar esta ânsia por novidades como pode muitas vezes nos afligir, lembremo-nos desta frase de São Pio X na conclusão de sua encíclica Notre charge apostolique: "os verdadeiros amigos do povo não são os revolucionários, nem inovadores, mas tradicionalistas".

Comentários

Postagens mais visitadas