A DESTRUIÇÃO DO OFERTÓRIO NA MISSA NOVA


   A Santa Missa como sendo um sacrifício propiciatório, sempre expressou isso muito claramente no desenvolvimento progressivo do rito romano ao longo dos séculos, principalmente após o Concílio Tridentino com todos os seus decretos sobre a liturgia na Sessão XXII do mesmo. Porém, com a criação do Novus Ordo Missae pelo Cardeal Bugnini com a chancela de seis pastores protestantes tudo isso foi invertido.
   Com o objetivo de expressar o dito "espírito conciliar", a Missa Nova se baseia totalmente nos princípios humanistas, antropocêntricos e antidogmáticos do Concílio Vaticano II, isto é, o que antes era feito na intenção de cultuar a Deus da forma mais perfeita, agora é agradar ao "povo de Deus". Eu poderia citar aqui os decretos do Concílio de Trento, a condenação de Pio VI ao sínodo de Pistóia e as demais condenações a todos os aspectos que vemos hoje nesta Missa, mas vou me atentar apenas a parte da missa que sofreu a mudança mais radical e o significado imenso que isto carrega.

A "mudança" no ofertório da Missa
   Como já dito anteriormente, a Missa é um sacrifício propiciatório, ou melhor, a renovação do sacrifício de Nosso Senhor no calvário, tendo a mesma quatro intenções: Adoração, Propiciação, Ação de Graças e Petição. Para que se haja um sacrifício é necessário oferecer algo, isto é perfeitamente expresso na oração do ofertório da Missa Tradicional: "Recebei pai santo, Deus onipotente e eterno, esta hóstia imaculada, que eu, vosso indigno servo, vos ofereço a Vós, meu Deus vivo e verdadeiro, pelos meus inumeráveis pecados, ofensas e negligências, por todos os que estão aqui presentes e por todos os fiéis, vivos e defuntos, para que tanto a mim como a eles aproveite para a salvação e vida eterna, Amém".

   Na Institutio (Instrução geral do missal romano) do Novus Ordo Missae há diversas descrições ambíguas que conduzem à heresia a respeito do que é a Missa ocorre igualmente a ocultação dos termos que remetem ao caráter de sacrifício propiciatório. É o caso da insistência exagerada no princípio (em si incontestável) de que na missa há um banquete, uma vez que Jesus Cristo ali nos dá seu Corpo e o seu sangue em alimento. Esse aspecto da Missa é sem dúvida verdadeiro, mas deve estar subordinado ao aspecto sacrificial e propiciatório, tanto mais quanto o protestantismo procura reduzir o Sacrifício eucarístico ao banquete, conforme se vê pela condenação lançada em Trento: "Se alguém disser que na Missa não se oferece a Deus verdadeiro e próprio sacrifício, ou que oferecer-se Cristo não é mais dar-se-nos em alimento, seja anátema". 

   Em suas características específicas, o Ofertório da Missa tradicional sempre constituiu um dos principais elementos distintivos entre a Missa católica e a ceia protestante. Lutero suprimiu o Ofertório, porque nele se exprimia de modo insofismável o caráter sacrificial e propiciatório da Santa Missa.

   Na Nova Missa, o ofertório perde essas características para reduzir-se a uma simples apresentação dos dons, o que corresponde a um conceito de ofertório fundamentalmente diverso do da Missa Tradicional. As orações do ofertório utilizadas tradicionalmente na Missa foram agora totalmente abolidas e substituídas por outras, nas quais não há referência alguma à verdadeira vítima, que é Jesus Cristo; ao oferecimento dos dons por nós e por nossos pecados; ao caráter propiciatório da oblação; ao sacerdócio hierárquico do celebrante; ao princípio de que o sacrifício precisa ser aceita por Deus para lhe ser agradável. Pelo contrário, as expressões "far-se-á para nós o pão da vida" e "far-se-á para nós bebida espiritual" insinuam que o verdadeiro fim essencial da Missa é a nossa alimentação espiritual, tese esta que se aproxima das heresias condenadas no Concílio de Trento.

Quais as intenções da supressão do Ofertório ?
   A razão pela qual o Sacrifício não é mais mencionado explicitamente é simples: o papel central da Presença Real foi suprimido. Ele foi removido do lugar que ocupava tão magnificamente na antiga liturgia. Na Institutio é mencionada somente uma vez, e isto em uma nota de rodapé que é a única referência ao Concílio Tridentino. Aqui novamente o contexto é o de alimentação. Nunca é feita nenhuma alusão à presença real e permanente de Cristo nas espécies transubstanciadas, Corpo, Sangue, Alma e Divindade. A própria palavra "transubstanciação" é ignorada. 
 
Condenações do Concílio de Trento
   Temos alguns decretos na Sessão XXII do Concílio de Trento que condenam, mesmo que indiretamente estes aspectos da Missa Nova em relação ao ofertório como:

   Cân.I: Se alguém disser que não se oferece a Deus na Missa um verdadeiro e apropriado sacrifício ou que este oferecimento não é outra coisa senão recebermos a Cristo para que possamos engolir, seja anátema.
   Cân.III: Se alguém disser que o sacrifício da Missa é apenas um sacrifício de elogio e de acção de graças, ou mera recordação do sacrifício consumado na cruz, mas que não é próprio, ou que apenas é aproveitável àquele que o recebe, e que não se deve oferecer pelos vivos e nem pelos mortos, pelos pecados, penas, satisfações nem outras necessidades, seja anátema.


Referências bibliográficas:

EXORTAÇÃO DOS PADRES DA DIOCESE DE CAMPOS: Missa Nova Um caso de consciência, 1969.

OTTAVIANI, Cardeal Alfredo: Breve exame crítico do Novus Ordo Missae, 1969.

EXORTAÇÃO DOS PADRES DA DIOCESE DE CAMPOS: 62 Razões para não assistir à missa nova, 1969.

DOCUMENTOS DO SACROSSANTO CONCÍLIO DE TRENTO, 1563.

   

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